Sou uma pessoa que liga bastante a detalhes. Tenho uma caixa onde guardo, por exemplo, bilhetes de cinema, cartas, pequenas recordações de momentos felizes. Mas sou - ao mesmo tempo - uma pessoa que se desfaz de objectos que afinal não são assim tão importantes. Guardei imensa coisa durante a minha adolescência a pensar que talvez um dia um filho meu poderia usar.
Cheguei agora à conclusão que mais de metade daquelas coisas não terão utilidade nenhuma e aproveitando os últimos dias de isolamento, antes de ir trabalhar, separei tudo para um saco com intuito de doar a alguém. Até chegar a uma pequena caixa de jóias com uma bailarina e com música. Eu sempre adorei aquela caixa mas a verdade é que não fazia sentido guardá-la. Achava eu... Caí no erro de pôr a caixa a tocar e eis que a música que se ouve é uma das muitas que aprendi no violino e que tanto me diz: Somewhere over the rainbow. Antes de poder evitar já estava a chorar copiosamente agarrada à caixa, sem conseguir sequer explicar porque estava naquele estado. Porque a verdade é que não explicação, não vale a pena tentar compreender! Claro está que não fui capaz de me desfazer dela e na verdade esteve a tocar durante quase meia-hora em loop.
Logo a seguir descobri um pequeno álbum com fotos minhas em criança e numa delas vi a minha avó que perdi já há quase dez anos. Encontrar aquela foto enquanto ouvia o raio da música foi a receita para quase desidratar de tantas lágrimas que deitei. Até soluçava ao lembrar-me que a minha avó nunca irá poder pegar no seu bisneto. Logo eu, perita em destralhar sem qualquer sentimento de pena ou remorso. Acabei por guardar a caixa no mesmo sítio. E provavelmente lá continuará o resto da minha vida porque com isto das hormonas não se brinca... Há recordações importantes demais!
Sei que desapareci por algum tempo mas está tudo bem e recomenda-se. O "pequeno feijão" é na verdade tudo menos pequeno e cresce a olhos vistos, o que triplica o cansaço que normalmente sentiria após o trabalho e que me consome toda a energia. Tenho seriamente que pensar em arranjar-lhe outra alcunha!!
